O abuso não se manifesta apenas em agressões físicas. Em relacionamentos onde o abuso emocional impera, o parceiro acua, invalida e culpa o outro de tudo o que - na cabeça dele - dá errado ou não funciona. Se a vítima não for esperta o suficiente, ficará apagando incêndios e tentando ser perfeita, só que isso nunca terá um final feliz. Quanto mais tentar, mais ele crescerá em suas cobranças porque entenderá que ela está enlaçada e sequestrada dentro desse esquema. Essa é uma forma drástica de abuso emocional que cresce de modo obscuro e que com o tempo tem a capacidade de fragmentar toda a memória e discernimento da vítima. O que no início eram sensações de confusão mental e medo, no segundo tempo perderá o significado na medida em que a vítima for se tornando automata, oca e sem vida.
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Silvia Malamud⠀
O que fazer quando você toma consciência da dinâmica da sua vida com a sua mãe e descobre que desde sempre foi obrigada a aparecer em público de modo impecável? Quando percebe o quanto a sua mãe é super simpática para fora de casa, solícita para todos ao redor, mas com você ela só tem olhos para críticas e desqualificações? O que fazer nas vezes em que você se confunde achando que é tudo da sua cabeça, sentindo-se culpada porque ela está parecendo ser amorosa? O que fazer com a desconfiança e o medo de que ela tenha um ataque de fúria cega, te acuando a ponto de você se calar de medo, humilhação e vergonha? O que fazer quando essas situações só acontecem nos bastidores, onde ninguém vê?
Se você está nesta confusão de percepção e de sentimentos, saiba que você não é a doente dessa história. Você tem valor, pode e deve se experimentar. Aliás, isso é ser livre e deveria ser um direito de todos, pois é através das tentativas e erros que vamos nos capacitando. Preste atenção se sua mãe insidiosamente te diminui e, algumas vezes, parece que te afaga... Mães narcisistas perversas estão numa patologia mais comum do que se possa imaginar e que é reconhecida tanto pela psicologia quanto pela psiquiatria.
Não crie expectativas em ter uma mãe ideal. Ela não mudará o padrão, mas você pode mudar e aprender a se proteger aumentando a sua autoestima. Saiba quem você é e quem é a sua mãe. Busque ajuda terapêutica para ter uma escuta de sanidade que te ajude a se fortalecer, aprendendo como lidar com este tipo de abuso silencioso, e para não entrar em depressão fazendo jus ao que a sua mãe projeta em você.
Você pode e merece.
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Silvia Malamud⠀
A manipulação é uma das mais potentes armas de abuso emocional, de poder sobre o outro e de demonstração de tudo que não é amor. Em suas ações, abusadores habilmente agem em meio à abordagens coercitivas que visam a inserção de sentimentos de culpas, ameaças de retaliação, exclusão, separação, corte afetivo e exílio de tudo o que pode fazer parte do ambiente relacional da pessoa-alvo.
Suas atitudes são claros exemplos de tudo que pode significar egoísmo. Em suas fúrias de voracidade e em meio a mil e uma estratégias de condutas, seguem conquistando aquilo que vão almejando pelo caminho. O paradoxo é que, no final de cada posse, ainda permanecem insatisfeitos, na sensação de que o adquirido é efêmero.
Como nunca se realizam por completo, sempre estão à espreita achando que o outro está com o que lhes falta. Em nome desse cego pressuposto vão ao infinito, atravessando, articulando e fazendo o impossível em nome de efetivarem seus intentos de conquista.
Apesar de serem altamente sofisticados na arte de disfarçar as suas demandas emocionais, um bom percebedor poderá notar o quanto são invejosos e o quanto almejam aquilo que o outro tem e conquista.
Portanto, não se iluda, não há pacto possível de amizade ou de amor enquanto houver este padrão de adoecimento nos relacionamentos.
Se acaso você se der conta que pode estar passando por situações dessa ordem com parceiros afetivos, familiares, amigos ou em relações de trabalho, seja esperto e proteja seus limites de benevolência cega. Lembre-se: não há pacto possível quando a fome do outro é insaciável.
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Silvia Malamud
Narcisistas perversos induzem as vítimas a acreditarem nas mais descabidas mentiras e a duvidarem de si mesmas e de sua capacidade de discernimento.
As vítimas começam a pensar e ter opiniões sobre si mesmas que não teriam se estivessem em condições de liberdade, mas não sabem disso.
Os comportamentos abusivos - como desumanização, privação do sono, assédio moral, inserção de culpa, inversão de verdades e gaslighting - serão tão incidentes e incisivos que chegará um ponto em que o cérebro da vítima estará como uma página em branco, dominado e submisso.
Mesmo quando sabem que sofreram abusos, muitas passam a acreditar que não serão capazes de seguir com a própria vida sem estarem atadas aos seus algozes. Fragilizadas e ainda que visivelmente dilaceradas, por vezes ainda defenderão os seus manipuladores.
Se acaso estiver passando por algum relacionamento desconfortável, por alguns instantes faça o papel do observador e, como se fosse uma terceira pessoa começando a enxergar o que está acontecendo nessa relação, ouse entrar na sua essência, priorizando ver as nuances do seu eu real. Veja se esta relação de verdade te deixa feliz e completo e se é este é o caminho a seguir. Observe se você se deslocou de tudo o que pode significar ser você mesmo. E, no final, se concluir que pode estar passando alguma situação de abuso emocional, busque olhar para fora da caixa, desconstruindo verdades que em alguns momentos lhe pareceram absolutas. Peça ajuda e faça terapia para efetivamente viver o direito de estar no seu melhor.
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Silvia Malamud⠀
A reconstrução emocional de alguém que teve um relacionamento com um narcisista perverso pode levar tempo. A ajuda psicológica de um terapeuta que entenda sobre essas questões tem importância relevante nessa jornada onde o resgate de si mesmo se faz tão necessário.
Enquanto não houver a cura completa dos danos emocionais causados, a pessoa passará por altos e baixos, com sentimentos de vazio, desamparo e desamor.
Quando adquirem consciência do que passaram, as vítimas precisam aprender a funcionar sem o medo do julgamento e da ameaça de abandono, evitando repetir variações desse tipo de abuso em outras parcerias afetivas.
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Silvia Malamud⠀
Há milhares de pessoas no mundo neste exato momento vivendo dinâmicas abusivas dentro de seus relacionamentos íntimos, familiares, de trabalho ou de amizade - pessoas submetidas a abuso e a violência silenciosa, tão velada que sequer compreendem que estão sendo violadas.
Abusadores perversos, vampiros psico-afetivos e seqüestradores de alma existem e podem estar mais perto do que imaginamos - naquela amiga sugadora, no parceiro manipulador e frio, na mãe que te impede de ter uma identidade, no colega de trabalho que assedia...
Aprenda a identificá-los e a pratique a sua incorruptibilidade.
Conheça o meu grupo terapêutico sobre relacionamentos tóxicos, resgate e transição para a mulher de poder:
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Silvia Malamud
Empatia, compaixão e sintonia são palavras que não constam no dicionário afetivo de narcisistas perversos. O contato olho no olho e o "eu te percebo, você me percebe" dificilmente acontecem ou mesmo inexistem nessas relações. Não há ligação emocional e as relações crescem num clima condicional, sob um pano de fundo de crítica, onde os parceiros ou familiares frequentemente sentem que nunca serão suficientemente bons perante o julgamento sobre o que seria o ideal para contentar o outro. Permanecem, portanto, subjugados e como reféns, com as vidas paralisadas à espera de algum gesto que ofereça um mínimo de aprovação, uma migalha de afeto.
Se almeja ser feliz em meio a uma relação tóxica desta ordem, saia dessa frequência, mude o seu filme interno e nunca espere nada além do que você já sabe que eles são, pois estes jamais irão mudar esse tipo abusivo de comportamento. Busque ajuda para se desvencilhar, resgate a sua autoestima e autonomia pessoal e reinvente-se.
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Silvia Malamud
Todos nós interpretamos o amor ideal como se alguém no mundo tivesse nascido exclusivamente para nós e que, somente quando encontramos o tal amor verdadeiro, poderemos ser felizes para sempre, exatamente como nos contos de fadas.
Na ideologia do amor, impera a lei de que é impossível ser feliz sozinho e que sem uma parceria afetiva a vida estaria fadada ao fracasso.
Nessa perspectiva, o risco de se entrar em relacionamentos abusivos é enorme. As evidências da vida nos mostram que a nossa felicidade nunca poderá estar nãos mãos de ninguém. O amor ideal, portanto, é uma invenção e uma convenção social que pode ser questionada e reinventada de acordo com a individualidade de cada um.
Numa pesquisa histórica, podemos observar que a forma e o amor que temos hoje é bastante distinto de tudo o que já existiu. Observando algumas tribos indígenas, por exemplo, podemos notar que os laços afetivos que os unem variam de modo estonteante dependendo da tribo e da época. Ao longo da história, também temos diversas variações sobre o que pode significar o amor e os laços afetivos.
Amar não é e nem precisa ser igual para todos. Vemos direto pelas mídias que ter um relacionamento afetivo não é exemplo de felicidade. Ninguém garante isso e o que mais recebo em meu consultório são pessoas vítimas de abusadores que, apesar de todo o mal-estar sofrido, ainda acreditaram que poderiam magicamente transformá-los em relacionamentos ideais.
Toda sorte de dor e desespero é lançada quando se tenta tapar o vazio interno com a promessa da felicidade no amor idealizado, mas ninguém tem o poder de preencher o outro em sua identidade e destino.
A lição mais contundente de todo este cenário é que as nossas questões emocionais e existenciais não se resolvem com o uso de muletas externas. A vacina e o antídoto mais eficientes são o conhecimento sobre o tema, autoconhecimento e, quando necessário, uma boa terapia.
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Silvia Malamud
As vítimas sentem que precisam ser validadas em seu amor e, por conta dessa carência, ficam aprisionadas na tentativa de acertar as cada vez mais difíceis e infundadas cobranças. Sequer suspeitam que os seqüestradores jamais se satisfarão. No seu adoecimento, eles têm a incrível capacidade de projetar em suas vítimas o medo de serem rejeitadas e habilmente as fazem acreditar de que, sem eles e o seu pseudo-amor, elas não sobreviverão. Quando a trama é desfeita, o medo da rejeição tende a voltar para os seqüestradores que, como conseqüência, podem passar por momentos depressivos - se acaso conseguirem entrar em contato com os seus próprios temas - mas também podem nem chegar a entrar em contato e, de imediato, saírem em busca de outras presas. Também podem inferir uma espécie de ódio mortal naquela que desistiu dele e que, portanto, rejeitou-o.
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Silvia Malamud
Muitas realidades inimagináveis coexistem e interferem em nosso agora sem que tenhamos consciência. Do mesmo modo, muitos são reféns de abusos emocionais e não percebem. Fazem de tudo para agradar seus parceiros, quando eles perversamente confundem suas vítimas ora chamando-as de “meu amor”, ora inesperadamente quebrando situações de pseudo paz e culpando-as em suas mais infundadas argumentações, transformando tudo em tensão, estresse e acuamento emocional. As vítimas que querem agradar o tempo todo vivem pisando em ovos, arduamente desejando acertar, imaginando que tudo poderá se acalmar, só que isso nunca tem fim quando é traço de caráter, estrutura adoecida de personalidade. Aqui ganhar o jogo é sair do jogo.
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Silvia Malamud