Um dos perigos que prende e confunde as vítimas em relacionamentos abusivos é o fato de parecer que são duas pessoas em uma. Quando é bom, é bom demais. Quando é ruim, é ruim demais e a ameaça sempre paira. Os abusadores cometem os maiores abusos, traem, tratam mal e fazem tudo parecer banal. Quem precisa disso nessa vida? Abuso emocional? Não!
????Quanto mais despertos, melhor!
Silvia Malamud
A metáfora do elefante acorrentado e a manipulação perversa materna:
No espetáculo de circo, o elefante faz mil e uma demonstrações de habilidades em meio a sua estonteante força. Antes de entrar em cena, porém, permanece apático, contido em seus movimentos, preso por uma pata em uma ínfima corrente que o aprisiona à uma pequena estaca de madeira cravada ao solo. Mesmo se a corrente fosse mais grossa, certamente ele teria a capacidade de derrubá-la com um mínimo esforço. O ponto é que ele não toma nenhuma atitude. Por que será?
O elefante não escapa de seu cativeiro porque foi preso àquele pedacinho de madeira em sua mais tenra idade. Naquele tempo tentou arduamente se livrar do que o prendia, mas não tinha força suficiente para tanto. Exausto, ansioso e entristecido, desistiu de tentar.
O ciclo da dependência e da falta de contato com a própria força, tanto para os elefantes como para os humanos, começa desde muito cedo e, se não for devidamente tratado, passará pelo risco de repetir-se no mesmo padrão, em relacionamentos que fatalmente terão características abusivas.
No universo do circo, o elefante não se solta porque não tem consciência de seu tamanho e da sua força e, por consequência, não acredita que pode. Do mesmo modo, filhos de mães narcisistas perversas passam por dificuldades e, como reféns, perpetuam-se neste status de abalo emocional, com falas nocivas e desqualificadoras. Como resultado, não acreditam em suas forças inatas e duvidam de suas capacidades. Seguem tímidos em suas caminhadas, como pedintes de amor e da necessidade da aprovação e, por receio de serem rejeitados, passam por cima de qualquer dor ou sentimentos próprio em nome de satisfazerem as mínimas necessidades dos outros.
Apenas quando rompem com a corrente que os aprisionam e aprendem que podem dizer não é que podem sentir o que for com segurança e se bancarem sem a ameaça da reprovação e sem a necessidade de prestar contas.
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Silvia Malamud
Existem lugares dentro do psiquismo de cada um que não temos acesso. Muitas pessoas que foram abusadas podem se tornar abusivas, outras caminham pela vida deprimidas, outras despertam e buscam viver diferentemente dos abusos sofridos. O importante é poder ser tocado para despertar e se dar a chance de seguir outros mapas existenciais, melhores do que os abusivos e, quando necessário, pedir ajuda de amigos, ajuda espiritual, ajuda psicológica, ir atrás de leituras e do que mais for contribuir para a sua evolução.
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Silvia Malamud
A nossa vida é o nosso bem maior. Que não percamos o olhar de observadores atentos em tudo o que nos é oferecido para não entrarmos em roubadas maiores.
A regra primordial das tramas abusivas é o redirecionamento da energia vital das vítimas para outros fins que, com toda a certeza, não é o de gerar consciência.
Inventa-se verdades e outros mecanismos para impedir uma percepção mais acurada e legítima sobre a realidade, em uma forma de abuso velado. Muitas vítimas sequer sabem o quanto são participantes ativas deste espetáculo, cegamente obedecendo regras inventadas, inclusive em situações danosas e sem sentido.
Todos sabemos dos horrores e das severas dificuldades que qualquer tipo de abuso pode causar na vida de quem passou ou está passando por essa situação. Em meu consultório, por exemplo, a maioria dos pacientes que sofreram abusos vem com severos sintomas de estresse pós-traumático, ansiedade generalizada, tentativas de suicídio e depressão. Alguns estão tão emocionalmente prejudicados que necessitam ser medicados por psiquiatras, a fim de darem conta de entrar em contato nas sessões de terapia com as situações terríveis que passaram.
O assunto, portanto, é extremamente sério e jamais deveria ser banalizado a ponto de ser tratado por profissionais não qualificados com o cuidado e na profundidade que o tema requer. O alerta é para que não percamos o olhar de observadores atentos. Sempre deveríamos questionar o que nos é oferecido para não entrarmos em roubadas maiores.
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Silvia Malamud
Um mar aparentemente calmo pode esconder muita violência e insanidade. Aprender a observar os sinais e se ouvir vale uma vida.
Vítimas de narcisistas perversos necessitam aprender a diferença que existe entre abuso e resiliência. A angústia da falta de um vínculo real e saudável por parte deles e a promessa de que isso poderá acontecer, mas que jamais acontece, é o que as prendem num cárcere frio e escuro de isolamento e solidão.
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Silvia Malamud
Uma pessoa se torna refém quando cede por medo de perder o outro, negando os seus desejos mais íntimos em nome de satisfazer as vontades alheias.
Cuidado: narcisistas perversos julgam o tempo todo e sempre se acham os certos da história. Você sempre será visto como o errado e não há meio termo ou nenhum outro tipo de olhar a seu respeito. Fazendo ou não fazendo algo, o clima sempre será de que você é o devedor de algo obscuro e inatingível - uma circunstância devastadora que pode causar enorme mal estar.
Este é apenas um dos fragmentos sobre como pessoas narcisistas funcionam. Quanto mais convívio íntimo, pior fica. Portanto, se estiver num início de relacionamento com características dessa ordem, evite convencer-se de que os desvios de verdades e qualquer tipo de injustiça possam ser normais. Não banalize evidências.
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Silvia Malamud
Pergunte-se em nome do que você tem permanecido de modo não saudável e decida por honrar-se acima de tudo.
Dê permissão a si mesmo para existir na essência do que realmente é. Diga não aos relacionamentos claustrofóbicos por medo do abandono. Ouse mudar cenários. Aposte em você e em sua vida, que é seu bem maior. Confie na sequência dos fatos, por mais imponderáveis que a princípio possam parecer. Quando você decide estar definitivamente presente no sagrado do seu existir, uma frequência invisível passa a te acompanhar, guiando a sua existência para melhor. Confie. Seja você a sua própria salvação.
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Silvia Malamud
Ele te traiu e você acreditou na história que ele te inventou? Seu filho, adolescente ou adulto, te ameaça se você não fizer as coisas do jeito que ele quer? Sua mãe novamente te magoou com imposições destrutivas e desqualificadoras e não te ouviu quando você reivindicou para que ela te tratasse melhor? Você tem a sua privacidade invadida e suas ações monitoradas a ponto de você não conseguir desabafar nem com pessoas próximas? A pessoa te confunde jogando culpas, controlando e criticando tudo o que pode ser espontâneo em você? Se você se identificou, busque ajuda, fortaleça-se e saia de qualquer tipo clausura tóxica.
Fortaleça-se e saia de qualquer clausura tóxica. Confiança é a base de tudo e a sua vida é o seu bem maior. Definitivamente diga não ao abuso emocional. Você pode e merece viver melhor.
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Silvia Malamud
Não se contesta um narcisista, não há espaço. Eles sempre têm alguma desculpa ou explicação fácil. Quando são checados, costumam ficar escandalizados e criam argumentos cuja finalidade é a de se desresponsabilizarem por qualquer impropério por eles causado. Ainda no intuito de desestabilizarem a vítima gerando culpa, alguns realizam discursos explanativos em meio a chavões, lembrando aos demais de que são humanos, ou se vitimizam. Em sua doença narcísica, porém, a falta de empatia continua imperando a ponto de se perpetuarem infinitamente no mesmo tipo de padrão de funcionamento. Mesmo depois de episódios difíceis, não mudam suas condutas. Não possuem a menor percepção de que todos a sua volta também são humanos e que sofrem por conta de sua frieza e de suas ações desmedidas, que visam apenas e tão somente a si mesmos.
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Silvia Malamud
A manipulação é uma das mais potentes armas de abuso emocional, de poder sobre o outro e de demonstração de tudo que não é amor. Em suas ações, abusadores perversos habilmente agem com abordagens coercitivas que visam a inserção de sentimentos de culpas, ameaças de retaliação, exclusão, separação, corte afetivo e exílio de tudo o que possa fazer parte do ambiente relacional da pessoa-alvo. O objetivo, portanto, não é apenas a conquista da submissão do outro, mas também o seu aniquilamento.
Por que agem assim?
Pelo adoecimento psicológico, muitos desses manipuladores funcionam como uma espécie de "saco sem fundos ambulante", como eternos desejantes, querendo absolutamente tudo para si mesmos. Como nunca se dão por satisfeitos, imaginam-se no direito de que a tudo podem possuir.
Suas atitudes, portanto, são claros exemplos de egoísmo. Em suas fúrias de voracidade, alucinadamente e em meio a mil e uma estratégias de condutas, seguem conquistando aquilo que vão almejando pelo caminho. O paradoxo é que, no final de cada posse, ainda permanecem insatisfeitos. Navegam em meio a um pseudo prazer que tem apenas a duração de um segundo.
Apesar de serem altamente sofisticados na arte de disfarçar, um bom percebedor facilmente poderá notar o quanto são invejosos e almejam aquilo que o outro tem e conquista.
Portanto, não se iluda, não há pacto possível de amizade ou de amor enquanto houver este padrão de adoecimento nos relacionamentos.
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Silvia Malamud