Um das coisas que prende e confunde as vítimas em relacionamentos abusivos é o fato de parecer que são duas pessoas em uma. Quando é bom, é bom demais. Quando é ruim, é ruim demais.
Como decidir a hora de colocar um ponto final em toda essa trama enlouquecedora?
Muitos abusam com violência física e ainda assim conseguem convencer as suas vítimas de que elas fizeram por merecer ou que eles perderam a razão, que isso não irá acontecer mais ou que não foi tão grave. Em relação aos insultos e desqualificações, o mesmo ocorre.
É necessário muita terapia para que a lucidez e os recursos pessoais sejam reintegrados nas pessoas vítimas de tais violências, onde tudo o que é certo, de um momento para o outro fica incerto e duvidoso…
????Quanto mais despertos, melhor!
Silvia Malamud
Pais narcisistas costumar fazer uso do amor, apego e sacrifício dados aos filhos como argumentos perigosos de chatagem e manipulação.
Pais narcisistas fazem os filhos parecem loucos.
Se você precisar de um olhar de reconhecimento no sentido de acalmar o seu coração sobre algo danoso que eles te fizeram, esqueça. Eles dirão que não se lembram, que você está hiperdimensionando os fatos, que você é encrenqueiro e por aí vai. Tudo no sentido de desqualificar a sua dor e o seu pedido desesperado por um pouco de empatia.
Nesses casos de súplica por um olhar coerente, os argumentos que esses pais narcisistas utilizam são novas manipulações. É de enlouquecer, pois além de negarem a veracidade dos fatos, acusam os filhos de ingratidão e perseguição, se colocando como vítimas e invertendo culpas - uma das formas de tortura emocional mais devastadoras da psicologia.
Antídoto? Conhecimento sobre o tema, saber impor limites, tomar atitudes, muita terapia e fazer um luto dos pais que não foram possíveis.
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Silvia Malamud
Você acredita em amor ideal?
Todos nós interpretamos o amor ideal como se alguém no mundo tivesse nascido exclusivamente para nós. A ideia inventada é de que é impossível ser feliz sozinho e que sem uma parceria afetiva a vida estaria fadada ao fracasso.
Muitos de nós, para não dizer a maioria, acredita cegamente nas variáveis dessa crença romântica. Somos tão e há tanto tempo bombardeados por este conceito que e é quase impossível encontrar alguém descontaminando deste padrão.
Por outro lado, hoje mais do que nunca, começam a existir pessoas imunes, que despertaram dessa trama aprisionante. As evidências da vida nos mostram ininterruptamente de que a nossa felicidade nunca poderá estar nãos mãos de ninguém. O amor ideal, portanto, é uma invenção e uma convenção social que pode ser questionada e reinventada de acordo com a individualidade de cada um.
Numa pesquisa histórica, podemos observar que a forma e o amor que temos hoje é bastante distinto de tudo o que já existiu, com diversas variações sobre o que pode significar laços afetivos. Amar não é e nem precisa ser igual para todos. Vemos direto pelas mídias que ter um relacionamento afetivo não é exemplo de felicidade.
A lição mais contundente de todo este cenário é que as nossas questões emocionais e existenciais não se resolvem com o uso de "muletas" externas e que a viagem da transformação interior sempre começa dentro e não fora. Ninguém tem o poder de preencher o outro em sua identidade e destino.
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Silvia Malamud
Homens também podem ser vítimas de abuso emocional.
Não são poucas as vezes que recebo em meu consultório homens emocionalmente fragilizados, vítimas de abuso emocional. Homens que passam por este tipo de sofrimento não são mais fracos do que a maioria e não seria justo qualquer tipo de descrença a respeito de suas histórias. A temática do abuso, infelizmente, independe do sexo e do gênero.
Via de regra, tais pacientes chegam deprimidos, confusos e culpados, pedindo ajuda para entenderem e conseguirem lidar melhor com as dinâmicas das relações afetivas nas quais estão envolvidos.
Aqueles que permanecem nas relações, revelam que vivem sob ameaças constantes e em meio a críticas bastante ostensivas. Contam que nada do que fazem ou falam parece adequado, que recebem comentários de desdém somados à ironias sem fim. Vivem restringidos na liberdade que poderiam ter de conviver com as suas famílias de origem ou com amigos que, inclusive, poderiam até ser em comum ao casal.
Já não sabem o que fazer para agradar, uma vez que praticamente tudo o que têm feito em nome de apaziguarem os ânimos acaba revertendo numa insatisfação crônica repleta de críticas destrutivas. Sofrem de uma obsessão por parte dos seus pares, para saberem onde estão, com horários monitorados sob ameaças de explosões de ira. Exaustos e sem saída emocional saudável, optam por passarem por cima dos seus próprios sentimentos e de tudo o que poderia ser viável.
Mesmo quando despertam reconhecendo que estão passando por relacionamentos tóxicos, ainda assim existe bastante dificuldade até se verem livres por completo de tais dramas.
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Silvia Malamud
Na era do narcisismo toda sorte de dor e desespero é lançada quando se tenta, além do espetáculo, tapar o vazio da falta de consistência e de amor próprio com a promessa da felicidade.
Num tempo onde o vazio e o enaltecimento do ego e de tudo o que significa espetáculo é apenas o que vale, num universo onde o efêmero vira moda, nasce o jogo do vale tudo e da competição desmedida, somente para as pessoas alcançarem de modo ininterrupto o status de bacanas do momento. Dentro desse pressuposto, predadores urbanos do século XXI fazem o serviço de acuar e inibir todas as formas de expressão e de identidade das suas vítimas - um autoritarismo despótico camuflado pela estética da beleza e do bem querer.
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Silvia Malamud
Em um relacionamento, se houver algum desconforto, saiba se ouvir e busque a raiz do que te incomoda. Jamais ceda a um mal-estar difuso, intermitente e sequencial.
Fica o alerta tanto para homens quanto para mulheres, que podem igualmente passar por esse tipo de situação:
Saber com quem se está lidando pode valer a qualidade da sua vida e, em alguns casos, a vida em si. Ter um olhar esclarecido sobre o que está ocorrendo se estiver com alguma dúvida pode ser o divisor de águas mais importante da sua sagrada jornada. Em um relacionamento, independente do tempo que se estiver nele, se houver algum desconforto, saiba se ouvir e busque saber a raiz do que te incomoda. Jamais ceda a um mal-estar difuso, intermitente e sequencial. Esteja alerta porque, com o tempo, a tendência é de se acostumar com as rachaduras na parede, achando que uma baixa qualidade de vida é normal.
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Silvia Malamud
Um narcisista perverso não suporta o brilho alheio. Qualquer pessoa que ameace a sua frágil percepção de si mesmo deve ser apagada.
Como o vazio interior de um narcisista perverso é grande, a luz de qualquer pessoa que ameace a sua frágil percepção de si mesmo deve ser apagada imediatamente. Isso não fica efetivamente em evidência porque ele sabe das leis de boa conduta e precisa, por sua característica narcísica e perversa, parecer “bem na fita”.
Uma de suas principais armas é a promessa de um relacionamento de fusão, ou seja, de compatibilidade absoluta, seja em qual área for. Para tanto, o grau de sedução vai às alturas. Nessa fase, as promessas fazem o colorido das conversas e com isso ele vai descobrindo o que falta na vítima, onde dói e o que precisa ser suprido.
Após a entrega afetiva da vítima, quando se cai na ilusão de que as carências podem ser sanadas, seu lado narcisista perverso aparece. De uma hora para outra, a vítima passará a ser criticada, nunca estará suficientemente boa no que faz e nem em como é. Juntamente com as críticas, uma ameaça sinistra de abandono fica pairando no ar.
As vítimas, uma vez fisgadas, esquecem-se de que até pouquíssimo tempo estavam autossuficientes em suas vidas e com o seu brilho próprio.
A solução para resolver esse impasse está na consciência do lugar onde se está e em um auxílio terapêutico que ajude a sair dessa trama de modo fortalecido e a curar feridas emocionais escondidas.
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Silvia Malamud
A manipulação é uma das mais potentes armas de abuso emocional, de poder sobre o outro e de demonstração de tudo o que não é amor. Em suas ações, abusadores perversos habilmente agem em meio à abordagens coercitivas que visam a inserção de sentimentos de culpas, ameaças de retaliação, exclusão, separação, corte afetivo e exílio de tudo que pode fazer parte do ambiente relacional da pessoa-alvo. Não à toa, vítimas de tais abusadores costumam passar por estados depressivos, desvitalização e dúvidas sobre si mesmos.
Se acaso você se der conta que está num relacionamento desta ordem, proteja seus limites de benevolência cega. Se tiver dificuldades para sair deste tipo de situação sozinho, não deixe de buscar ajuda. Sua vida vale muito mais do que tentar sobreviver a esse caos emocional sem conseguir uma saída saudável.
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Silvia Malamud
EMRD é uma terapia de reprocessamento cerebral que promove a mudança definitiva de padrões de funcionamento.
EMDR (Eye Movement Dessensitization and Reprocessing) é uma terapia desenvolvida por Francine Shapiro, nos EUA, e que hoje é mundialmente reconhecida. A terapia passa por movimentos oculares bilateralizados ou algum outro movimento bilateral para que o cérebro possa reproduzir a fase REM do sono, que é quando sonhamos e tentamos resolver alguma questão através dos nossos simbolismos emocionais, pessoais e às vezes universais.
O EMDR é uma neuropsicologia e ajuda o cérebro a se conduzir como se estivesse passando por um sonho acordado. A partir de uma espécie de campo cirúrgico criado entre o terapeuta e o paciente, este, totalmente consciente, revê uma situação perturbadora onde cenas difíceis, sensações corporais e lembranças vão sendo reprocessadas até que ocorra a cura e a mudança definitiva de padrões de funcionamento, muitas vezes de toda uma vida.
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Silvia Malamud
COMO FUNCIONAM AS FAMÍLIAS DE NARCISISTAS PERVERSOS:
A família tem como prática agir dentro de um padrão onde é frequente um falar mal do outro e onde as pessoas dificilmente se enfrentam de modo direto. Os familiares tomam partido e fazem alianças a partir de quem é o bacana do momento em detrimento de um outro que foi grosseiro, egoísta, ou o que quer que seja.
Na trama, por conta da insuportável carência afetiva, a lei compactuada para que no final se possa receber alguma brisa afetiva, é a aliança entre os “fortes” mediante a desqualificação abusiva do outro. O ensinamento é que para ser visto e, portanto, existir, é preciso se comportar desta forma. O clima entre todos é sempre de tensão e de desconfiança. Reina uma espécie de doutrinação envolvendo comportamentos velados.
As vítimas deste sistema abusivo ora são passivas demais por não entenderem ao certo o que se passa e por se sentirem indevidamente culpadas, ora são agressivas demais quando passam por algum rompante de lucidez. Nessas ocasiões, é comum acontecerem explosões de raiva e fúrias avassaladoras. Enquanto não despertarem, ficarão atadas nessas conexões e dinâmicas perversas.
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Silvia Malamud