Uma pessoa perversa transforma as suas vítimas em brinquedos que geram prazer na medida em que vai destruindo as suas identidades. Podem caminhar para a violência física, mas ainda assim as convencerão de que nada foi tão grave e que elas mereciam. Em público, embora muitas vezes a falência das forças das vítimas fique evidente, o casal costuma se apresentar de modo impecável. Quando os abusos ocorrem dos pais para com os filhos, o padrão é o mesmo. Leva-se anos para se recuperar de abusos desta ordem. As sequelas vêm desde a negação dos fatos, transformando os ocorridos em sintomas físicos à esquecimentos, depressões e outros.
????Quanto mais despertos, melhor!
Silvia Malamud
Alguma vez lhe disseram algo com convicção e depois negaram? Você chegou a duvidar de si mesmo? Pensou que estava perdendo a sanidade?
Não, você não é louco!
A negação de fatos e de eventos, do que se fez e do que não se disse, é um dos tipos de abuso emocional mais devastadores e difíceis de serem percebidos, porém muito real. Uma lavagem cerebral velada, onde a violência ocorre através das falsas informações sequencialmente introduzidas no intuito de criar dúvidas na memória e na percepção da vítima.
Existe muita perplexidade por parte dos abusados em perceber que as verdades impostas sobre eles não passam de mentiras descabidas que visam desqualificá-los para mantê-los cordatos e em cárcere. É por meio dessas estratégias que as vítimas se transformam em reféns de abusadores perversos... Hora de acordar! E se necessário buscar ajuda!
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Silvia Malamud⠀
Quando um manipulador narcisista perverso percebe que a vítima ficou consciente, primeiro começará a se rebelar ameaçando sair da relação, com o objetivo de assustá-la e acuá-la. Se não surtir efeito, entrará na fase do “volte a dormir”, se tornando tudo o que a vítima sempre quis, agradável e adorável, mas isso não se sustentará e faz parte do círculo vicioso do relacionamento tóxico.
Se você tiver a ilusão de que esse relacionamento poderá melhorar, saiba que tais manipuladores podem ser profundamente malévolos; atravessam a vida cheios de ódio e raiva, mas não contam nem para si mesmos que assim o são, por isso mesmo que de modo obscuro destilam suas piores emoções nos outros. Atente que o que diferencia um narcisista perverso de um narcisismo “normal” será sempre o nível de sadismo e crueldade implicado nas relações.
Sobre a origem da construção da personalidade dos narcisistas psicopatas, as respostas variam. Alguns autores vão colocá-los na conta de situações de incesto vivenciadas concreta ou ilusoriamente, ou fruto de uma relação perversa com um pai, irmão ou irmã. Independente de como ou do porquê se tornaram o que são, não é possível de se tratar terapeuticamente esses indivíduos por várias razões.
Em primeira instância, porque eles não estão buscando ajuda. São orgulhosos do que são e não reconhecem que tem um problema. Seu sistema de crenças não está preparado para aceitar críticas e, em terapia, jamais assumem suas parcelas de responsabilidade. Quando um manipulador desta ordem vai para a terapia, continua agindo de forma manipuladora, com a ilusão de que vai mudar. Via de regra, começam e cancelam poucas sessões depois.
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Silvia Malamud⠀
Fontes de referência: Le témoignage de Marie Murski, victime d'un pervers narcissique. Le récit de Vincent P., qui a vécu 7 mois avec une femme manipulatrice.
O narcisismo é um dos principais adoecimentos psíquicos da atualidade. Narcisistas perversos estão em todos os espaços e mais presentes do que imaginamos.
Se não se pode tratar os narcisistas, a solução possível está no enquadramento - quando as vítimas aprendem a não autorizarem ninguém mais a prejudicar seus espaços pessoais e quando a sociedade toma consciência da existência desse adoecimento psíquico.
A sociedade tem obrigação de ficar alerta, conhecer como narcisistas manipuladores funcionam para definitivamente parar de vitimizá-los ou de minimizarem as palavras das verdadeiras vítimas. Estes, por sua vez, inventam histórias de "esposas doentes", escondem-se sob a malha fina da privacidade desestabilizando e confundindo-as ainda mais, sendo que muitos estão em lugares e posição de poder.
Quando isso acontece, a sociedade faz vista grossa e lhes dá a impunidade. Devemos definitivamente ficar alertas e definir limites pessoais de auto-respeito e respeito àqueles que sofrem nas mãos dessas pessoas sádicas, narcisistas e perversas.
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Silvia Malamud⠀
Descolar-se da dimensão coletiva para imprimir no mundo aquilo que é só seu, particular e único, resulta de um trabalho interior de dedicação, foco e atenção. Sem julgamento algum, comece por olhar para dentro e para fora de si mesmo como observador dos cenários, de suas emoções, pensamentos e impulsos. Perceba-os tornando-se consciente deles. Em estado de completa atenção, reprocesse os caminhos condutores que te fazem estar grudado em suas telas de realidade, descolando-se para ser um protagonista lúcido de todas as suas escolhas em sua sagrada jornada. Terapias em EMDR e Brainspotting são grandes auxiliadores para que este status de libertação e poder pessoal ocorra.
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Silvia Malamud⠀
Não se iluda: empatia, compaixão e sintonia são palavras que não constam no dicionário afetivo de narcisistas perversos. Para narcisistas perversos, o contato olho no olho, o "eu te percebo, você me percebe" dificilmente acontece ou mesmo inexiste por completo. Não há ligação emocional e as relações crescem num clima condicional, sob um pano de fundo de crítica, onde os parceiros ou familiares frequentemente sentem que nunca serão suficientemente bons perante o julgamento do que seria ideal para contentar o outro. Permanecem, portanto, subjugados e como reféns, com as vidas paralisadas à espera de algum gesto que ofereça um mínimo de significado de aprovação, uma migalha de afeto.
Se almeja ser feliz em meio a uma relação tóxica desta ordem, saia dessa frequência, mude o seu filme interno e nunca espere nada além do que você já sabe que eles são, pois estes jamais irão mudar esse tipo abusivo de comportamento. Busque ajuda para se desvencilhar, resgate a sua autoestima e autonomia pessoal.
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Silvia Malamud
Etapas da consciência quando se está em um relacionamento abusivo:
1) Inconsciência: "Não sei que estou em um relacionamento abusivo".
2) Semi-consciência: "Sei que há algo errado, quero entender o que é".
3) Consciência: "Sei o que está acontecendo comigo e quero saber mais para conseguir me libertar".
4) Super-consciência: "Aprendi a me resgatar, tenho sabedoria e força para lidar com esse tipo de situação e sigo o meu caminho. Estou preparado(a) para outros mapas existenciais".
Em qual etapa você se encontra?
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Silvia Malamud⠀
Quando nos permitimos acolher as emoções difíceis, contamos para nós mesmos que somos capazes de promover a nossa cural emocional.
Como parte dos nossos caminhos evolutivos, ao se atingir uma massa crítica em determinadas situações, as mudanças de ciclo se fazem necessárias, sendo que muitas vezes acabam acontecendo de modo implacável. É a lei. O apego ao conhecido pode funcionar como um grande impedidor para que os novos ciclos e as novas oportunidades surjam de modo satisfatório. Lembre-se: jamais dará certo uma vida que não caminha a favor de si.
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Silvia Malamud⠀
Jamais permaneça num relacionamento onde gritos, humilhações, falas desconexas e gestos de infidelidade em todas as áreas ocorram. Enquanto você espera que o outro mude, mais ele avança no seu território e você vai perdendo a sua alma. Ninguém pode passar por cima das suas percepções, lendo e controlando os seus sentimentos e ações. Você é a única pessoa que decide o que sente em relação ao que for. Se sentir que é bom, siga em frente. Se sentir que é ruim, pare, desvie, mude de caminho e frequência e esteja entre aqueles que te fazem se sentir bem. Cada vez que você remove emocionalmente alguém tóxico de sua vida, a sua ansiedade e o seu medo de ser rejeitado diminuem ao mesmo tempo em que a sua segurança e autoestima aumentam. Lembre-se: sua vida é o seu bem maior.
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Silvia Malamud
[Contém spoiler]
A série Maid (Netflix) conta sobre um dos piores e mais devastadores tipos de abusos, atualmente consagrado tanto pela psicologia como pela psiquiatria como uma violência silenciosa e de difícil detecção.
A protagonista Alex vem de um lar disfuncional, com uma mãe bipolar não diagnosticada e, portanto, não tratada, distante e autocentrada. Ao longo da série, mesmo quando bem intencionada, essa mãe não consegue se conectar com a filha. Em seus surtos de mania, imagina-se como uma grande artista, sem noção da realidade e em negação de seus relacionamentos abusivos. Também podemos observar em sua personalidade um tom histriônico.
Alex, por sua vez, não tem ideia de que tem uma família disfuncional e abusiva. Desenvolve um excesso de zelo, cuidados e empatia com essa mãe, aprendendo a não se posicionar, a não ter desejos próprios e vivendo em função de ser mãe da própria mãe em busca de um pouco de paz e segurança. Ser conivente era a única saída para terem um mínimo de conexão. Os abusos que sofreu na infância se tornaram um modelo de referência de como ser, a ponto de Alex repetir cenários abusivos em seu próprio relacionamento afetivo.
Quando pensamos em transgeracionalidade de traumas e recursos, percebemos a história se repetindo. Alex também foge do lugar de abuso com sua criança, tal como sua mãe, porém busca ajuda, terapia e faz de tudo para ficar lúcida e alcançar seu propósito. Até despertar de fato, Alex só sabia viver e se submeter ao sistema agressivo de onde veio. Sua identidade estava baseada nisso e sentia a possibilidade de ser acolhida por seu abusador, acreditando que ele seria bom.
Abusadores perversos geralmente se sentem bem cuidando de quem está doente. Não à toa, Sean ajudou Alex a resgatar a mãe de um grave surto de mania, quando esta, impotente, nada conseguia fazer. A personagem se encanta com o ex depois de tanto acolhimento, acreditando que tudo poderia dar certo, sem perceber que sucumbia mais uma vez ao mesmo drama.
Algumas pessoas acusam Alex de ser mimada e não ter aceitado a ajuda de Nate, mas ela não conseguiria - estava com traumas severos e muitos gatilhos emocionais. Não sabia receber coisas boas, estava familiarizada com a dor e com o auto sacrifício. Quando algo bom se manifestava, Alex desconfiava, sentia-se confusa e não merecedora. Viveu sob violência doméstica, sofreu, sentiu medo e teve de ficar adulta precocemente.
Vítima de tramas abusivas, não recebeu amor e se via obrigada a oferecer tudo o que tinha de afeto e cuidados para o outro. Quando não fazia isso ou quando o outro não achava ser suficiente, sentia-se culpada, com medo de não receber o mínimo do que o outro tinha a oferecer, um imaginário de "lar quentinho", incapaz de perceber que esse lugar é e sempre foi ela mesma.
A série expõe, ainda, preconceitos e dramas relacionados às diferenças sociais e de classe - em especial na passagem de Alex com uma de suas patroas. As cenas trazem à tona a dificuldade de moradia e mostram como um lar disfuncional dificulta o desenvolvimento e os estudos. Por outro lado, também mostra a resiliência e bondade de uma rede de apoio, tão necessária para o ser humano.
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Silvia Malamud