Em sistemas abusivos, ações que desestabilizam costuma ser negadas, mesmo em meio à evidências.
Em sistemas abusivos, o outro tende a destilar sua fúria em quem ousar questioná-lo, inserindo mais dúvidas e culpas ao redor, e uma das estratégias mais comuns nessas tramas é a do duplo vínculo: quando o abusador fala uma coisa, mas suas atitudes revelam o oposto.
Como exemplo, podemos citar uma mãe que diz que ama a filha, mas não suporta sua afetividade e faz de tudo para desestabilizá-la emocionalmente de modo que ela - a mãe - seja sempre o centro das atenções, seja por meio de ações dramáticas, encenações de dor ou outras demonstrações de superioridade.
Ao mesmo tempo em que age assim, ela não reconhece que age assim e acusa a filha de ser sensível demais, de se magoar fácil demais… Nunca cede nem nunca reconhece um erro pois se coloca como dona de uma conduta inquestionável.
As injustiças e traumas que esses sistemas abusivos provocam são inacreditáveis. Todos os que passaram por abusos tem histórias desconexas e de não reconhecimento da verdade. Quando recebo em meu consultório pacientes enlouquecidos de dor, de desespero e de perplexidade pelas bizarras situações que passaram, reconheço de imediato o quanto que necessitam serem ouvidos, reconhecidos e legitimados. É muita dor e angústia para se suportar sozinho.
????Quanto mais despertos, melhor!
Silvia Malamud